Você se considera uma pessoa solitária?
ou: Boa sorte em seu abismo infinito
Essa palavra -solitário, muito diferente de "sozinho"- tem uma conotação muito triste, e talvez ela seja mesmo, mas isso não me impede de achar que sou.
Eu sou daquelas pessoas que gostam de agradar as outras, de ter muitos e bons amigos. Mesmo assim me considero solitária.. não por ser uma drama queen convicta, mas baseada em fatos. Eu não frequento casas de amigos, nem eles veem à minha, não sou chamada pra 99% dos programas feitos por eles e quase nunca encontro alguém pra sair comigo (só quando é tudo planejado dias antes). No período em que não tenho aulas, passo o dia inteiro em casa conversando com Docinho e esperando algo novo acontecer. Por isso e algo mais, eu me considero uma solitária.
Hoje vi "Hora de Voltar" ("Garden State", do Zach Braff, o rapaz do "Scrubs") e não sei por que segurei as lágrimas que queriam cair em mais da metade do filme. Andrew Largeman era um solitário como eu... As razões, motivos, os fatos que nos tornam solitários são completamente distintos, mas, no final, tudo se une pra que um seja tão solitário como o outro.
Uma coisa que eu achei o máximo foi a vontade do Large de querer se sentir em casa, mas não
conseguir através das coisas familiares; o que trouxe tal sensação foi algo novo. Estranha e
interessante sincronia de destino, coincidência, vida: ontem à noite eu tava pensando que preciso de algo novo pra me sentir eu mesma (qualquer algo novo).
O Large descobre este algo novo porém familiar e consegue ficar com ele, num desses momentos cinematográficos onde tudo se encaixa perfeitamente e o que você mais quer fazer coincide em ser exatamente a coisa correta a ser feita. Lindo. Eu posso pensar em várias outras palavras, mais elaboradas e menos usadas, pra definir isso, já que o "lindo" já tá tão prosaico, mas não adianta... tudo acabaria definindo o que o simples e verdadeiro "lindo" consegue definir. Lindo.
Talvez o filme não tenha mexido tanto com as outras pessoas que o assistiram, mas em mim ele fez muito, como recordar que eu acredito sim que esses tais momentos cinematográficos descritos acima acontecem (e não só uma vez!) e me fez acreditar também que meu algo novo mas familiar vai chegar e expirar e chegará outro que expirará e o ciclo nunca vai acabar e é isso que dá gosto à vida.
Que filme bonito...
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