:: Girl Next Door ::

A vida e a alma da Girl Next Door expostas detalhadamente para quem quiser espiar e acabar com as especulações debaixo da janela.

domingo, maio 01, 2005

Eu quero um samba feito só pra mim

"Eu sou um daqueles que respiram desejos", disse o Vitor G. Paiva.
E eu sou mesmo, diz a Marina M. S. Pinto. E digo mais: vivo de ilusões também.

Há muito tempo eu vivia de ilusões plausíveis, daquelas que podiam acontecer se algo na minha vida desse certo de forma que tudo caminhasse pra minha ilusão se tornal real. Mas essas ilusões só me faziam mal, porque no fim o algo na minha vida não dava certo e eu ficava chateada, sabe.

Daí eu aprendi a viver ilusões de situações bem distantes. Passei a me imaginar lá em LA, caminhando com meus atores favoritos das séries que amava, com os cantores, com todas as celebridades, enfim.
Isso porque minha vida nunca me foi o suficiente. Eu sempre quis e continuo querendo mais. Eu ainda não vejo algo de demais nessa minha vida. Não to dizendo que é péssima e sem sentido, só to dizendo que a parte excitante não chegou ainda. Então, quando a vida tava muito, muito monótona, minha sala virava todo um estúdio de Burbank onde eu grava uma série de sucesso e, à noite, meu quarto era uma boite super movimentada de LA onde eu ia dançar com meus amigos famosos.
O bom de pensar assim é que eu sei que nada disso vai acontecer. No final, não acontecendo, eu não vou ficar chateada, procurando o tal ponto onde tudo deu errado, onde minha vida continuou andando reto, quando deveria ter virado pra direita. Não, nada disso. No final, se eu cansar dessa fantasia, eu posso brincar de outra e, de repente, eu sou uma poderosa produtora musical de NY. Vida agitada essa minha imaginária.
No romance eu também vivia assim. E era super legal, porque eu até casei com o Joshua Jackson. Pois é, uso a aliança até hoje, mas o casamento não tem mais o tesão de antes. Eu já namorei vários famosos e outros nem tão famosos assim. É, eu sou uma bela duma piranhazinha. Bom, era. Bom, não sei. Bom, deixa eu continuar.

Quando entrei nesse mundo que o Los Hermanos me apresentou, onde não existe artista nem fã, eu fiquei confusa. Porque agora as coisas plausíveis de acontecer se misturam com as impossíveis. E aí, como fica? Eu me imagino encontrando o Bruno Medina e ele se apaixonando por mim (ãhan, vcs leram certinho), ou me encontro mesmo com ele e não consigo trocar nem uma palavrinha? A segunda, claro. Porque nesse mundo o plausível sempre ganha. E o plausível nunca foi meu amigo. No impossível, o Medina sentaria do meu lado no cinema e nós sairíamos de lá amigos de infancia; no plausível, o Medina levanta antes das luzes se acenderem e some no meio da multidão do Espaço Unibanco. O impossível era meu refúgio, eu sabia que não ia acontecer, eu podia me entregar e me esbaldar... No plausível, eu tenho que imaginar bem pouquinho, porque, quando acontece, não tem o final esperado.

Putz, me perdi, calma aí. Não era disso que eu queria falar.... Deixa ver se eu consigo unir isso que falei ao que eu queria falar....

Eu sou ingênua e inocente. É, sou sim. Tenho chegado a certas conclusões sobre mim bem interessantes, mas isso é pra outro post. Eu sou ingênua e inocente. É, sou sim. Sou daquelas minininhas que leem uma poesia escrita de um homem pra uma mulher e fecha os olhos e abre o coração imaginando ser a tal mulher que inspirou o poema. Ou então, quando o autor do poema fala neste de uma mulher que ele ainda conhecerá e como será a vida a dois deles, a minininha ingênua e inocente aqui fecha os olhos e abre o coração novamente pra imaginar como será o primeiro encontro dela com o poeta, encontro este que será o início da tal vida a dois descrita por ele no tal poema. É, eu sou assim.
E é aí que isso de mundo do imaginário plausível X mundo do imaginário impossível entra. Quando o poeta é um Oscar Wilde da vida (além de morto há séculos, o cara ainda era gay rs), a imaginação não passa de uma brincadeirinha com a mente. Mas quando o poeta é alguém com quem você pode acabar entrando em contato, que existe a possibilidade de você encontrar... aí a coisa fica estranha.

Não quero pensar nessas coisas, porque eu me fiz a promessa de não imaginar mais isso, mas ler certos poemas e não abrir o coração é só pra quem não o tem, né. E eu tenho coração. Um bem molinho, coitado, e muito vulnerável diante dessas palavras tão bonitinhas.

No fundo, no fundo, a minina inocente e ingênua (a ordem dos fatores não altera o produto) só quer mesmo é ser musa inspiradora... Eu quero um samba feito só pra mim.

Voltando ao VP citado láááááá no início, vou pôr aqui um poema dele que li e adorei e me lembrou "Onze Dias" dos rapazes LH (que eu acho lindinha demais):


Havia um Tímido no meu Bolso

A menina era tão
Tanto
Toda

Que, naquela hora
Eu queria só casar e ter filhos
Mas não aguentei
E acabei dando oi


vai a música também então
Onze Dias

Eu descobri um mundo teu ele é manso
Sem perceber tive paz e só me dei conta

Quando eu te vi eu perguntei como é que vai você
-Tudo bem?

Falta entender o que me faz pensar
Que só ela pode ter tanta paz pra me dar
Ninguém mais tem tanta paz

Eu te vi e cheguei pra falar
-Certinho?

Quando eu te vi me perguntei como é que vai você